segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

                               "CONHECE-TE A TI MESMO, E CONHECERÁS A DEUS E O UNIVERSO"
                                            POR QUE ENSINAR ARTE?

                Na sociedade moderna, somos bombardeados diariamente por imagens que provém de várias fontes: internet, celular, televisão, cinema, revistas, propagandas, etc. Juntamente com essas imagens, estão associados sons e performances corporais que expressam ideias, conceitos e opiniões. Tais imagens, sons e performances acabam por nos influenciar, impondo o que devemos comprar, vestir, ler, escutar, como devemos ser socialmente ou como não devemos ser. Imagem tem poder.
                       Daí a necessidade de se ensinar Arte num país com uma cultura tão diversificada como o Brasil: os estudantes precisam aprender a ler imagens, ouvir músicas ou interpretar gestos corporais de maneira crítica. Em outras palavras, precisam compreender que existe uma ideia ou uma finalidade por trás dessas manifestações artísticas midiáticas, pois elas nos influenciam. "Ensinar Arte, portanto, representa a vontade de dar estilo, estética, corpo e forma a essa maneira brasileira de se expressar" (Arte e Didática, 2010). Fazer arte liberta a imaginação e a psique individual ou em grupo, é uma maneira de se conhecer a nós mesmos ou a cultura onde convivemos. Aprender Arte não significa decorar nomes de artistas ou obras famosas. Significa compreender que as obras relacionam-se com a cultura, a história e a configuração social de seu tempo. Vamos estudar Arte?

EGITO: ARTE DA IMORTALIDADE

        A egiptologia é uma ciência que teve início em 1799. Por meio de artefatos encontrados em grandes sítios arqueológicos, ela busca reconstituir a civilização egípcia, sua história, cultura e costumes. Por meio dela, hoje sabemos que os egípcios não tinham uma religião, pois toda a sua sociedade girava em torno do misticismo. Toda a representação artística retrata bem esse estilo de vida que se baseia na imortalidade da alma e na crença de que o faraó é um representante divino. Acreditava-se que todo o poder e riqueza pertencente ao faraó iriam com ele para outra vida, daí a grandiosidade arquitetônica que cada um desses imperadores nos deixou. Embora a produção artística egípcia seja bem diversificada, destacarei aqui três modalidade: pintura, escultura e arquitetura.
       PINTURA: importante enfatizar que a arte egípcia era totalmente funcional, ou seja, a arte era voltada para a representação de suas crenças. O "artista" não tinha liberdade para trabalhar da maneira como ele mesmo desejasse, pois havia um rígido padrão a ser seguido, normas que ele deveria obedecer. Na pintura e nos relevos egípcios, esse padrão é chamado de Lei da Frontalidade:  tronco para a frente; enquanto que a cabeça, pernas e pés deveriam ser representados de lado. Faraó era retratado como gigante, uma maneira de expressar seu poder. Muitos deuses também aparecem. É comum encontrarmos Anúbis, deus dos mortos, ou vários símbolos de Hórus e Rá, que geralmente são vistos na simbologia do sol sobre as cabeças desses faraós. Algumas pinturas também revelam o cotidiano dessa civilização, como colheita e fabricação de vinhos ou trabalhadores escravos.
        ESCULTURA E ARQUITETURA: é no Egito que está uma das maravilhas do mundo: as três pirâmides de Quéfren, Quéops e Miquerinos, construídas por volta de 2600 a.C. Essa civilização contou com grandes engenheiros dominadores de uma simetria matemática precisa. Até hoje estudiosos se admiram da perfeição com que os grandes monumentos egípcios foram construídos. Junto às pirâmides citadas, está a esfinge do faraó Quéfren, que mede 20m de altura por 74 de comprimento. Notamos que a escultura e a arquitetura trabalharam juntas nesses grandes monumentos, embora grandes peças de escultura também tivessem sido elaboradas em separado. É o caso do sarcófago do jovem faraó Tutancâmon, feito em ouro e ornamentado com pedras preciosas. Após a morte de tutancâmon, Ramsés II tornou-se faraó, por volta do século XII a.C. Foi em seu reinado que passaram a usar escritas chamadas de hieróglifos para ornamentar os templos. Hoje, os egiptólogos especulam que esses templos egípcios não serviam apenas para guardar o corpo do faraó, mas tinhas outras finalidades como os ritos feitos pelos sacerdotes.











                                                                                                                   Imagens: acervo pessoal



ARTE DA GRÉCIA ANTIGA

Dos povos da antiguidade, os que apresentaram uma produção cultural mais livre foram os gregos. Eles não se rebaixaram diante do autoritarismo de reis ou sacerdotes, mas valorizaram as ações humanas. Não é à toa que a Grécia é considerada o berço da humanidade, pois a história da civilização ocidental começou com essa nação, por volta de 480 A.C. A posição geográfica facilitou o intercâmbio com outras civilizações, outras culturas, de forma que os gregos importaram todo o conhecimento de seu tempo para elaborar o seu próprio.  Ocorreu uma explosão cultural na arte, arquitetura, literatura, filosofia, leis e matemática, entre o período clássico e o helênico.

Atena de Policleto

Hermes, de Praxíteles
 ESCULTURA: dentre as artes desse império, a escultura foi a que teve maior destaque. 
No final do século VII A.C, os gregos começaram a esculpir em mármore, ainda sob influência da arte egípcia. O braço das figuras tendia a cair devido ao peso, de forma que Policleto driblou esse problema dando mobilidade às suas esculturas. Praxíteles esculpiu o primeiro nu total da estátua de Afrodite, introduzindo um modelo
mais sensual e natural da forma física. Míron, em sua obra Discóbolo, introduziu um suporte de apoio para que a peça tivesse equilíbrio em seu peso. Mais tarde, a escultura em bronze resolveria esse problema de sustentação das obras. Interessante que, a medida em que os observadores apreciavam e elogiam as obras, esses escultores buscavam sempre aperfeiçoar suas técnicas. Isso fez com que o artista ganhasse importância e status social.



Atena de Fídias

Venus de Paxíteles

Discóbolo de Míron
Laocoonte e seus filhos
















PINTURA: diz-se que as pinturas gregas eram tão realistas que os pássaro chegavam a bicar as flores pintadas em murais. Infelizmente, apenas peças em cerâmicas "sobreviveram" até nossos dias. São peças com fundo negro, revestidas de vermelho natural da argila.
Modelos de jarros

Tear de Gineceu
Centauro














Partenon
Epidauro
ARQUITETURA: o Partenon foi construído por volta de 448 A.C em Atenas. É considerado um dos mais belos e importantes edifícios de todos os tempos. Seu estilo se faz notar ainda hoje, na Casa Branca dos Estados Unidos, como símbolo das importantes decisões que ali eram tomadas. As colunas dóricas, jônicas e coríntias também são heranças que persistem até nossos dias. Ainda na Grécia Antiga, temos Epidauro, uma enorme arena semelhante a um estádio de futebol onde se realizavam eventos.

Acrópole de Atena



quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

RENASCIMENTO: O QUE RENASCEU?

        INTRODUÇÃO: historicamente, o Renascimento ocorreu na Europa entre 1300 e 1650. O termo "renascimento" não se aplica apenas ao retorno do interesse pela cultura greco-romana porque esse interesse sempre existiu. Precisamos investigar o que aconteceu na Europa antes desse período para entendê-lo. Até meados do século XIII, a Igreja possuía poder e controle sobre as manifestações artísticas, pois praticamente tudo o que se produzia tinha o objetivo de catequizar a grande maioria de analfabetos e "pagãos" (povos com crenças diferentes do cristianismo). Foi nesse período que ocorreram as Cruzadas onde a Igreja promoveu uma expedição militar contra os muçulmanos, com objetivo de tomar Jerusalém. Sabemos que as Cruzadas fracassaram, mas muito sangue fora derramado e muitos "fiéis" retornaram à Europa desanimados e numa crise existencial em relação a Deus. Piorando a situação, a Europa foi infectada pela Peste Negra: uma doença contagiosa transmitida pelos ratos e que deixava a pessoa muito enferma, levando à morte. Mais de 1/3 da população daquele período foi dizimada pela Peste Negra. Não é à toa que esse período antes do renascimento é apelidado de Idade das Trevas.
         O QUE IMPULSIONOU O RENASCIMENTO? Com a expansão do comércio nos centros urbanos no final do séc. XIII, principalmente em Florença, na Itália, uma classe burguesa passa a se desenvolver. A Igreja começa a perder seu poder, ao mesmo tempo em que os burgueses (mecenas) patrocinavam os artistas de destaque. Uma rica família conhecida como Médici deu uma enorme contribuição cultural à época, financiando as artes em geral. Na verdade, o que renasceu foi o Humanismo, ou seja, a sociedade Deixou de ser teocêntrica (Deus como centro do universo) e tornou-se antropocêntrica (homem como centro do universo). É nesse momento que a estética greco-romana passa a ser rebuscada, juntamente com o pensamento racional e científico. No final do séc. XIV, Brunneleschi e Alberti retomam os estudos dos gregos sobre a perspectiva e passam a aplicá-la tanto na arquitetura, quanto na pintura. A perspectiva trouxe grande realismo à pintura, tornando o fundo da tela tridimensional.

Della Francesca
MASACCIO (1401-28) "foi o primeiro pintor do século XV a conceber a pintura como imitação fiel do real, como imitação das coisas tal como elas são". Na pintura da trindade à esquerda, notamos não apenas o realismo, mas também uma tentativa de tornar o espaço na tela tridimensional. Sua pintura assemelha-se a uma escultura, quase podemos adentrar nela.
DELLA FRANCESCA (1410-92), um exemplo do cientificismo matemático do Quatrocento, revela em suas obras grande domínio da perspectiva e da geometria proporcional. Foi patrocinado pelo duque de Urbino, conforme o vemos na pintura à direita.

Nascimento de Vênus
SANDRO BOTTICELLI (1445-1510) "foi considerado o artista que melhor se expressou, através do desenho, um ritmo suave e gracioso para as figuras pintadas". Ele iniciou as pesquisas renascentistas aos temas da mitologia, pintando de maneira graciosa e decorista o primeiro nu feminino deste período. Na imagem, temos Vênus empurrada pelos ventos até a praia, onde é recebida Flora. Lourenço Médici é considerado o patrocinador dessa bela pintura.


        A ALTA RENASCENÇA: no tópico anterior, percebemos que o domínio técnico do Renascimento não surgiu de repente, mas foi um processo lento, dado em passos. O auge desse período ocorre com megastars como Leonardo da Vinci, Michelângelo e Rafael, no final do séc. XV.
Mona Lisa
Leda e o Cisne
DA VINCI (1452-1519) é universalmente admirado por seu intelecto, pois dominava vários campos do conhecimento. Foi ele o autor do primeiro projeto de helicóptero que se conhece, além de ter sido o primeiro a estudar o funcionamento interno do corpo humano. Na pintura, criou a técnica do Sfumato, onde o contorno dos personagens parecem desaparecer como uma névoa. Todo o conhecimento renascentista de anatomia, perspectiva e composição está sintetizado  nas pinturas ao lado, especialmente na Mona Lisa (1503).


Criação de Adão
Davi
MICHELANGELO (1475-1564) era um grande escultor, tanto que considerava a escultura uma arte de libertar a beleza da pedra. Sua obra "Davi" é muito admirada pela perfeição e beleza com que fora trabalhada. Claro que seu maior trabalho foram os afrescos pintados na Capela Sistina, no Vaticano, de 1508-12. Em Criação de Adão, sua pintura mais famosa, notamos que ele quebrou algumas regras de anatomia da época, ao representar os personagens bem anabolizados. Seu estilo de pintura assemelha-se às suas esculturas: imponentes, mas com leveza e graça.

Triunfo de Galatéia

RAFAEL SANZIO (1483-1520) "é considerado o pintor que melhor desenvolveu, na renascença, os ideais clássico de beleza: harmonia e regularidade de formas e cores". "enquanto os outros dois [da Vinci e Michelangelo] eram reverenciados, Rafael era adorado." Galatéia demonstra bem como suas obras possuem harmonia e ordem, onde percebemos a ninfa do mar fugindo de Polifemo, o ciclope apaixonado, numa carruagem puxada por golfinhos. O tritão que captura uma ninfa, assim como os archotes, fazem referência à situação de Galatéia.

       RENASCIMENTO PELA EUROPA: claro que o Renascimento não se limitou à Itália, pois também chegou à Holanda, França, Espanha, Alemanha e Inglaterra. Conheceremos apenas alguns artistas que se destacaram por sua genialidade e sensibilidade.
Adão e Eva

DÜRER (1471-1528), chamado de "Leonardo do Norte" é considerado o primeiro artista alemão renascentista. Para esse artista, a arte era a representação fiel da realidade, ou da natureza. Bastante detalhista e perfeccionista, ele dominava a técnica da gravura. Em Adão e Eva, vemos uma harmonia sugestiva no ardim do Eden, pois o gato espreita o rato, enquanto um bode, símbolo do diabo, passeia atrás das árvores. aos pés do bode há uma lebre, símbolo de esperteza e uma referência à serpente que entrega o fruto nas mãos de Eva. O Jogo de símbolos comprova o intelecto desse grande artista germano.




Paraíso, terra e purgatório
HIERONYMUS BOSCH (1450-1516). A Divina Comédia, obra de Dante Alighieri (1265-1321), influenciou não apenas as crenças da época, mas também as representações artísticas. Bosch, pintor holandês, retratou o inferno na terra baseado nas descrições de Dante. Suas pinturas são surreais, onde vemos, ao lado, demônios torturando ou devorando os homens, enquanto os santos flutuam, como se avisassem que esse será o destino dos pecadores . Esse estilo de pintura, separado em três momentos, chama-se tríptico.

Bodas de Arnolfini

 VAN EYCK (1390-1441), holandes inventor da tinta a óleo, "era tão idolatrado por esta descoberta que seu braço direito foi preservado como relíquia sagrada".  Ele tinha habilidade para retratar a natureza realisticamente, em detalhes minuciosos. Foi um dos primeiros a dominar a nova arte de pintar retratos, conforme o notamos imagem ao lado, onde retratou o casal Arnolfini. A perfeição e riqueza de detalhes é impressionante! o jogo de luz e sombra é vibrante! Vale destacar que os artistas dos países baixos, como Van Eyck, competiam em talento com os artistas italianos devido ao seu grande domínio da pintura.



Fontes das citações: Graça Proença (2003) e Carol Strickland (2004)


 







                                                                                            


terça-feira, 14 de janeiro de 2014

BARROCO E ROCOCÓ: LAÇOS HISTÓRICOS

    BARROCO EUROPEU: a palavra "barroco" significa pérola deformada. Em outras palavras, refere-se a algo excessivamente enfeitado, adornado, detalhado. O Barroco surgiu na Itália, mas espalhou-se por outros países da Europa e, subsequentemente, veio para o Brasil. Para entender esse estilo, precisamos compreender alguns fatos históricos, pois no século XVI, ocorria na na Europa a Reforma Protestante. O objetivo da Reforma era estabelecer em cada nação um governo absoluto, liberto dos desmandos do papa. Dentro da própria Igreja existiam movimentos que queriam transformações, eliminando abusos lucrativos. 
    A Igreja Católica organizou a Contra-Reforma a fim de criar medidas para manter seu poder. Uma das principais medidas foi utilizar a arte para fortalecer sua influência, daí surgiu o estilo Barroco. Vários artistas foram contratados para ornamentar as igrejas, criando imagens que sugerissem a elevação espiritual de quem observasse. Como característica do Barroco, encontraremos afrescos que passam a ideia de elevação, como se estivéssemos subindo para as nuvens. Os principais artistas desse período foram Caravaggio, bernini, Rembrandt, Rubens, Vermeer, Hals, dentre outros.
Davi e Golias
Sacrífício da Isaque
Michelângelo da Caravaggio (1573-1610) é considerado um artista de transição entre o período renascentista e o barroco. Seu estilo de pintura diferenciou-se por utilizar um interessante jogo de claro-escuro: O fundo da tela é escuro, enquanto os personagens são banhados por uma luz misteriosa, como se fossem iluminados por um holofote, destacando a cena. A teatralidade é outra marca na pintura de Caravaggio, pois seus personagens empregam gestos e expressões faciais, revelando suas emoções. Por ter o patrocínio da Igreja, os temas bíblicos são bem recorrentes.
Judite e Holofernes
São Jerônimo















Extase de S. Teresa
Beata Ludovica
O italiano Bernini (1598-1680) foi um dos artistas mais completos de seu período, mas ainda é considerado um gênio da escultura. Suas obras são bem detalhadas e trabalhadas, transmitindo uma enorme carga de emoção. Um bom exemplo é a escultura Êxtase de Santa Teresa. A personagem é agraciada com uma visão divina e entra em estado de transe. Impossível o observador não se sentir tocado pelos sentimentos e pela aura mística que essa bela escultura deixa expandir.




Sacrifício de Isaque
Rembrandt (1606-1669) fez parte do contexto holandês da Reforma. As imagens e pinturas de santos estavam sendo banidas pela iconoclastia da Igreja, mas Rembrandt pintava temas religiosos mais como um exercício. Seu estilo de pintura é apaixonante: embora trabalhe o claro-escuro, não o faz de maneira tão brusca como Caravaggio. Ele utiliza uma gradação mais suave e uma iluminação bem mais equilibrada, empregando meios-tons. Temas míticos e burgueses são frequentes em sua pintura. É de sua autoria Rapto de Europa, onde utiliza um estilo mais voltado para o rococó. Também Lição de Anatomia, onde os rostos e o cadáver têm destaque na pintura.



Rapto de Europa

Lição de Anatomia










ROCOCÓ, A ARTE DA ELITE: Rococó é um termo que vem do francês rocaille (conchinhas). "A arte que se desenvolveu dentro do estilo rococó pode ser caracterizada como requintada, aristocrática e convencional. Foi uma arte que se preocupou em expressar apenas sentimentos agradáveis e que procurou dominar a técnica de uma execução perfeita" (PROENÇA, 2003). Embora tenha iniciado na França, no séc. XVIII, espalhou-se por toda a Europa. Nesse período histórico, a Igreja já não exerce tanta influência sobre a burguesia, de forma que buscam uma arte mais aprazível, com temas mitológicos, passeios ou o cotidiano da nobreza. É deste estilo que surgirá Françóis Boucher (1703-1770), um dos maiores artistas da frança. Encontraremos também as paisagens de Watteau, a sensualidade de Fragonard e a pintura fotográfica de Chardin.
Watteau
Balanço (Fragonard)










Leda e o Cisne (Boucher)
Madame Boucher

IMPRESSIONISMO E PÓS-IMPRESSIONISMO

      Transformações na Arte: a Revolução Industrial alterou não apenas os meios de produção econômicos, mas também os culturais. Antes do Impressionismo, a arte era regida pelas normas da Academia, onde a anatomia deveria ser equivalente e proporcional, as cores deveriam ser uma ilusão da realidade. Com a invenção da fotografia, não houve mais necessidade de alguém passar horas posando para que um artista pintasse seu retrato, pois a máquina fotográfica já o fazia com agilidade e perfeição. Os artistas não se viam mais obrigados a pintar a natureza com a perfeição exigida pela Academia. Passaram a buscar diferentes maneiras de se enxergar o mundo, diferentes maneiras de se pintar. Essa atitude rebelde dos Impressionistas custou-lhes muita rejeição no final do século XIX, pois o público não via com bons olhos a nova arte que se manifestava.
            Tanto os impressionistas quanto os pós-impressionistas preocupavam-se com o efeito da passagem da luz, mas cada um desenvolveu um trabalho com características próprias. Os Impressionistas centraram-se na luz, os pós-impressionistas nas emoções que a luz lhes provocava. Preocupados com o efeito que a luz causava, os impressionistas saiam para pintar ao ar livre. Não misturavam as tintas na palheta, preferiam aplicá-las direto na tela, pois o efeito da luz exigia agilidade para que fosse reproduzido. Os contornos das obras se desmancham nesse conjunto de cores. Dentre os principais artistas impressionistas, temos Manet, Monet, Renoir e Degas.

Almoço na Relva
Édouard Manet (1832-1883) foi um dos artistas que fez a transição da arte padronizada pela Academia para uma arte mais experimental. Manet usava um jogo de claro-escuro para destacar a luz natural sobre seus personagens, conforme vemos em Almoço na Relva. As duas mulheres na pintura possuem brilho intenso.


Madame Monet
Claude Monet (1840-1926) trabalhou incansavelmente com a paisagem. Ele buscava reproduzir o efeito da passagem da luz em diferentes horários do dia. Sua obra Impressão, Sol nascente foi vista por um crítico que fez um comentário maldoso, chamando o grupo de Monet de impressionistas. Daí surgiu o nome desse manifesto, onde Monet é um dos principais representantes.



Balé

Edgar Degas (1834-1917) não pintava ao ar livre e preferia temas como banhistas nuas, cafés ou bailarinas. Captava cenas inesperadas, como se fossem tiradas de uma fotografia. Seu estilo foi influenciado pela gravura japonesa, seus personagens parecem se centrar na lateral da tela, sobre efeito de uma forte luz.

Baile de Moulin



Pierre-Auguste Renoir (1841-1919) gostava de pintar momentos de alegria intensa.Vemos em suas obras, cafés, festas, jardins e crianças, além de mulheres banhistas em poses naturais, como se não soubessem que estão sendo pintadas.


Pós- Impressionistas: Paul Cézanne (1839-1906). Os principais pós-impressionistas foram Cézanne, Gauguin e Van Gogh, cada um trabalhando em questões que os perturbava.Cézanne é mais conhecido por suas maçãs, embora sua pintura também apresente uma geometrização através de cones, cilindros e cubos. Usava cores básicas e puras como vermelho, laranja e amarelo. Seu trabalho influenciaria artistas como Picasso. 



Noite Estrelada

Comedores de Batatas
Vincent Van Gogh (1853-90) foi um artista inquieto e desconsolado. Sua pintura é carregada de emoções tanto suas quanto das pessoas que observava, como em Comedores de Batatas, onde o semblante dos personagens é cansado e apreensivo. A falta de reconhecimento fazia com que sua vida fosse um constante questionamento, fazendo com que esse artista chegasse ao extremo de cortar a própria orelha. Suas pinceladas frenéticas e pastosas são um reflexo de suas angústias e testemunhas de seu cotidiano, como revelam as cartas que escrevia a seu irmão Theo.